É
indiscutível que vivemos hoje mergulhados no tempo em que o bem mais apreciado
é o conhecimento. Facilmente este se espalha pelo mundo inteiro e a uma
velocidade veloz.
É
esta facilidade de difusão e disseminação da informação e do conhecimento que caracteriza
a sociedade do conhecimento na qual vivemos atualmente. «A sociedade do
conhecimento é compreendida como aquela na qual o conhecimento é o principal
fator de estratégia de riqueza e poder, tanto para as organizações quanto para
os países» (Dávila Calle e Da Silva,
2008,p.2).
A
sociedade do conhecimento é marcada pela utilização fluente e prática das
Tecnologias de Informação e de Comunicação, que revolucionaram o mundo quando
após a Segunda Guerra Mundial passaram a ser utilizadas na vida normal e quotidiana
das organizações e das pessoas, trazendo mudanças em muitas áreas das
atividades e campos de ações humanas.
Uma
das principais mudanças tem a ver com o facto do conhecimento passar a ser o
elemento diferenciador da atividade produtiva, modificando o valor e a perceção
do trabalho, que passa a ser mais intelectual e mais frágil do ponto de vista
da estabilidade.
Na
sociedade do conhecimento, os bens valem pelo conhecimento neles embutidos e
como esse conhecimento está sempre em mudança e em inovação, os materiais e
produtos são constantemente atualizados e substituídos (já não é como
antigamente em que uma televisão durava a vida toda!). As organizações valem
pelo modo como processam o conhecimento organizacional. As trocas entre países
já não se baseiam apenas no fluxo de capital mas também de conhecimento e de
informação. A pesquisa científica é fundamental para os Estados construírem a
sua riqueza.
Uma
grande alteração foi no campo da comunicação: tudo mudou com o advento da worl
wibe web. A alteração do paradigma da comunicação é muito importante para
colocar todos os em rede, para facilitar o acesso de todos ao saber e à
informação, para abolir fronteiras geográficas. Com isto, surge a
universalidade da acessibilidade ao saber. Todos têm acesso. E esta
acessibilidade ao saber de todos é importante para que os Estados possam
evoluir e estar no comboio do ritmo do progresso. É também importante para
fomentar a pesquisa científica e a inovação que leva à riqueza dos países.
Esta
alteração do acesso e da difusão e disseminação da informação trouxe muitas
mudanças: assistimos à explosão da mecanização que traz em si todo o
conhecimento e à eclosão de barreiras geográficas e da diferenciação social.
Estas mudanças trazem também em si a necessidade permanente de inovar, de criar
mais e diferente e melhor conhecimento.
Esta
alteração do conhecimento trouxe consigo uma economia de serviços, marcada pela
tercialização. Nesta economia, assistimos à globalização – a publicidade e os mass media subvalorizam os valores
tradicionais em nome de produtos que sejam utilizados mundialmente e
reconhecidos em todas as partes do mundo, ao ponto de Braga da Cruz (1997,pp.64-67
cit. In Ramos, 2007, p. 7) afirmar «que o mercado molda cada vez mais as
identidades pessoais, dependentes das oportunidades de consumo». Esta mudança
económica traduz-se também no ponto de hoje serem as grandes redes económicas transnacionais
que mandam no mundo.
Esta
rápida difusão de conhecimento traz também consequências na esfera do trabalho.
Como o conhecimento está em permanente mudança, o trabalho exige novas
competências, novos saberes, atualização constante sob pena de se ficar
antiquado e de se ser afastado do mercado de trabalho. A valorização do
conhecimento traz também a instabilidade do emprego (já não há empregos para
vida toda) e o flagelo do desemprego a que assistimos atualmente. Há mudanças
no campo laboral que advém desta sociedade do conhecimento e da inovação.
Outra
mudança que vivemos é no campo social. A sociedade alterou-se perante a
emergência da sociedade do conhecimento. Assistimos às alterações na função
central e reguladora do Estado, às alterações nas ideologias e às alterações
nas instituições. Hoje, o Estado relega para entidades privadas e para organizações
não governamentais, através de parcerias, funções que cabem ao Estado Social,
como vemos em muitas situações ligadas à saúde e à educação. As alterações das
instituições colocam em crise instituições tradicionais até então
inquestionáveis quanto ao seu poder educacional e de estrutura da sociedade
como sejam a Igreja, a família e a escola. Constatamos hoje que «as
instituições, aqui entendidas não como a vida social organizada, mas como
mecanismos de decisão política e como instâncias socializadoras, foram abaladas
por um profundo processo de destradicionalização» (Ramos, 2007,p.20).
Estas
mudanças trouxeram consigo um novo modelo de sociedade em que a pessoa não
conta apenas como indivíduo mas como cidadão. Cada pessoa é um membro da vida
coletiva, é responsável pela conduta da sua vida e pela da vida coletiva. Nesta
sociedade, espera-se que os cidadãos estejam devidamente informados e tenham
acesso ao conhecimento de modo a exercer plenamente os seus deveres mas também
os seus direitos e que contribuam com as suas ações para a construção da
sociedade. Os cidadãos são atores sociais com a responsabilidade de tomar
decisões e de intervir na vida pública.
Referências bibliográficas:
- Dávila Calle, Guillermo Antonio & Da Silva, Edna Lucia (2008), Inovação no contexto da sociedade do conhecimento, Revista TEXTOS de la CiberSociedad, 8. Temática Variada. Disponible en http://www.cibersociedad.net
- Ramos, Conceição (2007), Tendências Evolutivas das sociedades contemporâneas
Sem comentários:
Enviar um comentário