terça-feira, 4 de novembro de 2014

1.1- A sociedade do conhecimento


É indiscutível que vivemos hoje mergulhados no tempo em que o bem mais apreciado é o conhecimento. Facilmente este se espalha pelo mundo inteiro e a uma velocidade veloz.
É esta facilidade de difusão e disseminação da informação e do conhecimento que caracteriza a sociedade do conhecimento na qual vivemos atualmente. «A sociedade do conhecimento é compreendida como aquela na qual o conhecimento é o principal fator de estratégia de riqueza e poder, tanto para as organizações quanto para os países» (Dávila  Calle e Da Silva, 2008,p.2).

A sociedade do conhecimento é marcada pela utilização fluente e prática das Tecnologias de Informação e de Comunicação, que revolucionaram o mundo quando após a Segunda Guerra Mundial passaram a ser utilizadas na vida normal e quotidiana das organizações e das pessoas, trazendo mudanças em muitas áreas das atividades e campos de ações humanas.
Uma das principais mudanças tem a ver com o facto do conhecimento passar a ser o elemento diferenciador da atividade produtiva, modificando o valor e a perceção do trabalho, que passa a ser mais intelectual e mais frágil do ponto de vista da estabilidade.
Na sociedade do conhecimento, os bens valem pelo conhecimento neles embutidos e como esse conhecimento está sempre em mudança e em inovação, os materiais e produtos são constantemente atualizados e substituídos (já não é como antigamente em que uma televisão durava a vida toda!). As organizações valem pelo modo como processam o conhecimento organizacional. As trocas entre países já não se baseiam apenas no fluxo de capital mas também de conhecimento e de informação. A pesquisa científica é fundamental para os Estados construírem a sua riqueza.


Uma grande alteração foi no campo da comunicação: tudo mudou com o advento da worl wibe web. A alteração do paradigma da comunicação é muito importante para colocar todos os em rede, para facilitar o acesso de todos ao saber e à informação, para abolir fronteiras geográficas. Com isto, surge a universalidade da acessibilidade ao saber. Todos têm acesso. E esta acessibilidade ao saber de todos é importante para que os Estados possam evoluir e estar no comboio do ritmo do progresso. É também importante para fomentar a pesquisa científica e a inovação que leva à riqueza dos países.
Esta alteração do acesso e da difusão e disseminação da informação trouxe muitas mudanças: assistimos à explosão da mecanização que traz em si todo o conhecimento e à eclosão de barreiras geográficas e da diferenciação social. Estas mudanças trazem também em si a necessidade permanente de inovar, de criar mais e diferente e melhor conhecimento.

Esta alteração do conhecimento trouxe consigo uma economia de serviços, marcada pela tercialização. Nesta economia, assistimos à globalização – a publicidade e os mass media subvalorizam os valores tradicionais em nome de produtos que sejam utilizados mundialmente e reconhecidos em todas as partes do mundo, ao ponto de Braga da Cruz (1997,pp.64-67 cit. In Ramos, 2007, p. 7) afirmar «que o mercado molda cada vez mais as identidades pessoais, dependentes das oportunidades de consumo». Esta mudança económica traduz-se também no ponto de hoje serem as grandes redes económicas transnacionais que mandam no mundo.
Esta rápida difusão de conhecimento traz também consequências na esfera do trabalho. Como o conhecimento está em permanente mudança, o trabalho exige novas competências, novos saberes, atualização constante sob pena de se ficar antiquado e de se ser afastado do mercado de trabalho. A valorização do conhecimento traz também a instabilidade do emprego (já não há empregos para vida toda) e o flagelo do desemprego a que assistimos atualmente. Há mudanças no campo laboral que advém desta sociedade do conhecimento e da inovação.


Outra mudança que vivemos é no campo social. A sociedade alterou-se perante a emergência da sociedade do conhecimento. Assistimos às alterações na função central e reguladora do Estado, às alterações nas ideologias e às alterações nas instituições. Hoje, o Estado relega para entidades privadas e para organizações não governamentais, através de parcerias, funções que cabem ao Estado Social, como vemos em muitas situações ligadas à saúde e à educação. As alterações das instituições colocam em crise instituições tradicionais até então inquestionáveis quanto ao seu poder educacional e de estrutura da sociedade como sejam a Igreja, a família e a escola. Constatamos hoje que «as instituições, aqui entendidas não como a vida social organizada, mas como mecanismos de decisão política e como instâncias socializadoras, foram abaladas por um profundo processo de destradicionalização» (Ramos, 2007,p.20).

Estas mudanças trouxeram consigo um novo modelo de sociedade em que a pessoa não conta apenas como indivíduo mas como cidadão. Cada pessoa é um membro da vida coletiva, é responsável pela conduta da sua vida e pela da vida coletiva. Nesta sociedade, espera-se que os cidadãos estejam devidamente informados e tenham acesso ao conhecimento de modo a exercer plenamente os seus deveres mas também os seus direitos e que contribuam com as suas ações para a construção da sociedade. Os cidadãos são atores sociais com a responsabilidade de tomar decisões e de intervir na vida pública. 


Referências bibliográficas:
  • Dávila Calle, Guillermo Antonio & Da Silva, Edna Lucia (2008), Inovação no contexto da sociedade do conhecimento, Revista TEXTOS de la CiberSociedad, 8. Temática Variada. Disponible en http://www.cibersociedad.net
  • Ramos, Conceição (2007), Tendências Evolutivas das sociedades contemporâneas


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