Lemos na tese de doutoramento de Benedito
(2007) que
«o aumento qualitativo e quantitativo dos
sistemas educativos a sua complexidade – que põe à prova a capacidade das
burocracias centralizadas em manter a qualidade do ensino ministrado; o
aprofundamento da democracia consubstanciada na reivindicação de uma maior participação
dos beneficiários do sistema educativo na definição, implementação e controlo
das políticas educativas; o surgimento das novas tecnologias de informação e de
comunicação como elemento importante na construção de sociedades de
conhecimento e informadas constituem, seguramente, razões a considerar nos
processos de descentralização [dos sistemas educativos], cujas vantagens não podem
ser descuradas» (p.67)).
Nesta citação, apercebo-me das mudanças que as
novas tecnologias trazem à estrutura os sistemas
educativos...
Se as práticas dos professores incluírem as
novas tecnologias como recurso e se forem bem exploradas permitem que a sala de
aula se prolongue para além do edifício da escola. Ora, isto faz repensar o
sistema educativo que temos e o que queremos.

A utilização da tecnologia na sala de aula e na escola traz novos desafios e novas alterações ao processo de ensino e de aprendizagem e também, por sua vez, ao currículo e aos modelos de sistema educativo.
O b-learning é o resultado de uma
articulação entre a sala de aula e a tecnologia num ambiente bem conseguido em
que a sala de aula esteja integrada num programa multimédia bem desenhado.
Fomenta a interação entre alunos-professor, alunos-alunos,
alunos-saber/conteúdos. Também é dirigida e adaptada a alunos com NEE.
Este novo recurso de ensino e de
aprendizagem implica diferentes recursos, diferentes espaços e uma nova
abordagem dos processos didáticos que sejam capazes de explorar os pontos
fortes da tecnologia online em contexto educativo e que segundo Angélica
Monteiro e J. António Moreira (2013) passam pela «flexibilidade de tempo e espaço, sinergia a nível de partilha de
ideias, possibilidade de diálogo refletido, centralidade do estudante,
interação informal devido ao grau de anonimato proporcionado pelas tecnologias,
acesso a materiais, fontes de informação e especialistas geograficamente
distantes e possibilidade de inovação pedagógica» (p.36).
Sendo um recurso a explorar, não
se pode descurar o papel do professor que não é anulado nem apagado, pelo
contrário. Cabe ao professor garantir o acesso a todos, gerar motivação,
possibilitar a participação de todos e intervir na troca de informações de
partilha, corrigindo aos alunos, encaminhando-os na construção da sua
aprendizagem.
Contudo, este novo recurso traz
novos desafios, como novas formas e comunicar para professor e alunos,
realçando que ambos são importantes e responsáveis pelo processo de construção
de aprendizagens. Traz novos desafios à elaboração e conceção do currículo e à
organização dos sistemas educativos uma vez que a sala de aula não se restringe
ao espaço físico da escola. Esta prolonga-se nas salas virtuais de discussão,
nas trocas de e-mailes, nos fóruns, na plataforma LMS, no portefolio digital,
na web2,…
Cabe ao professor usar esta
ferramenta como recurso didático e pedagógico, incorporando-a nas suas
planificações e usando-a como um recurso com naturalidade, normalidade como se
usa o manual, por exemplo. Assim, estar-se-á a contribuir para a sua
rentabilização e para o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem
fortemente interativas onde não é descurada a componente social nem de ensino. Cabe à escola saber ensinar isto
aos alunos, mas cabe sobretudo a cada professor ter consciência dessa
necessidade premente para que nas suas práticas pedagógicas possa levar os
alunos a aprender através, com e nos suportes tecnológicos, familiarizando-se
com esse recurso tão necessário no seu futuro. Por arrasto, a escola e o
sistema educativo pensarão nas alterações do currículo que daqui terão que
nascer e da alteração do modelo de sistema educativo.
Bibliografia:
Bibliografia:
- Benedito, Narciso Damásio dos Santos (2007). CENTRALIZAÇÃO DE SISTEMAS EDUCATIVOS E AUTONOMIA DOS ACTORES ORGANIZACIONAIS. Processos colectivos de interpretação das orientações centrais, tese de doutoramento apresentada à Universidade do Minho - acedida em http://educar.files.wordpress.com/2008/08/centalsisteduc.pdf
- Monteiro, Angélica; Moreira, J. António; Almeida, Ana Cristina; Lencastre, José Alberto (2013). Blended learning em contexto educativo - perspetivas teóricas e práticas de investigação, Santo Tirso: De facto Editores (2ª edição).
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